22/04/2025
ENTRETENIMENTO

 

Práticas integrativas estimulam saúde mental e neurológica da pessoa idosa


A saúde mental, inclusão e afetividade da pessoa idosa são pilares que envolvem diversos aspectos sociais. Estimular ambientes que favoreçam trocas, aprendizados, práticas educativas e integrativas é algo que precisa estar no farol contínuo de uma sociedade que aponta para o crescimento dessa população. Dados recentes do estudo “Projeções de População do IBGE” trazem o seguinte cenário: de 2000 para 2023, a proporção de idosos (pessoas com 60 anos ou mais) no país quase duplicou, já que saiu de 8,7% para 15,6%. Isso significa visualizar que o total de idosos passou de 15,2 milhões para 33,0 milhões nesse intervalo de tempo. A projeção também aponta que em 2070, cerca de 37,8% dos habitantes do país serão idosos (correspondente a 75,3 milhões).

Os números e projeções endossam reflexões importantes quanto ao desenvolvimento efetivo de ações que garantam bem-estar integral da pessoa idosa, inclusive no que diz respeito à saúde mental. Por isso, incluir diferentes atores sociais é fundamental para caminhar em prol de mais qualidade de vida para esse público. Incentivar profissionais da saúde mental a reforçarem essa atenção é um passo significativo. Nesse sentido, Diogo Vaz, aluno do 5° período do curso de Psicologia da facid, integra o projeto “Inclusão Social da Pessoa Idosa”, realizado pela rede de ensino. O estudante reconhece os benefícios que a prática integrativa tem para sua formação enquanto pessoa, profissional e, principalmente, os ganhos positivos para a vida dos contemplados.

Embora já tenha participado de outras iniciativas que tivessem pessoas idosas incluídas, é a primeira vez que ele tem uma atuação tão direcionada. Diogo, com seu grupo de alunos e docentes, tem um dia na semana para envolver os idosos nas práticas que estimulam o bem-estar mental. “Eles passam a ter mais conhecimento sobre saúde mental, sua importância e aplicam na sua rotina. Levamos estratégias para que possam lidar com esses problemas no dia a dia”, observa. Com relação à responsabilidade e compromisso com o ser humano, Diogo também compartilha que “o dramaturgo Molière diz que ‘não somos responsáveis apenas pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer’. Sabemos que não é algo em absoluto, mas nos faz refletir que se eles (idosos) não estão incluídos na sociedade, é, sim, uma responsabilidade nossa”, instiga a pensar.

Francisco Neto, professor da disciplina de estágio supervisionado básico II do curso de Psicologia, conta que os alunos aplicam seus conhecimentos teóricos, na prática, sempre sob orientação. Realizam escutas, rodas de conversa e intervenções psicoeducativas. “Essas atividades contribuem significativamente para a formação, proporcionando experiência prática, desenvolvimento de habilidades interpessoais e aprimoramento da escuta. Além disso, permitem que compreendam a importância da atuação do psicólogo em contextos comunitários e desenvolvam um olhar mais sensível para a realidade social”, ressalta. Certamente, “o impacto para a saúde dos idosos é bastante positivo. Observamos melhora na qualidade de vida, redução de sintomas de ansiedade e depressão, fortalecimento de vínculos sociais, entre outros”, expressa.

Atividades integrativas e dinâmicas geram benefícios ao cérebro

A dinamicidade, estímulos diversificados e olhar atento às demandas da população idosa contribuem bastante para os aspectos cognitivos e neurológicos, sobretudo nessa fase da vida. De acordo com o neurologista do Instituto de Educação Médico (IDOMED), em Teresina, Leonardo Halley, as atividades realizadas pelo projeto “ajudam a manter o cérebro ativo, estimulando a memória, o raciocínio lógico e a criatividade. Jogos, leituras, oficinas de arte, música e exercícios físicos reduzem o declínio cognitivo, fortalecem conexões neurais e promovem a neuroplasticidade”, pontua. Além disso, complementa que “atividades sociais aumentam a autoestima e diminuem a solidão, fatores que impactam positivamente a saúde mental”, afirma.

Isso porque essas práticas estimulantes podem ser associadas a tratamentos para depressão, ansiedade e doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. “Essas atividades promovem bem-estar emocional, melhoram a coordenação motora e incentivam a socialização. Sem contar que manter a mente ativa pode retardar o avanço de doenças cognitivas e melhorar a qualidade de vida”, endossa o médico neurologista.

Quem comprova isso é Margarida Fonteles, 95 anos, que já integra o projeto há 6 anos e segue muito participativa em toda a programação desenvolvida pelas equipes. Muito satisfeita, destaca que “tenho esses alunos e professores que dão aula para nós e isso nos ajuda bastante, nos renova”, conta. Ela ressalta que, no dia a dia, lê, faz cruzadas e crochê para manter a mente ativa. Sobre os encontros, compartilha que “continuará no Projeto até o dia que Deus me chamar”.

Projeto de Inclusão Social da Pessoa Idosa

Há mais de 15 anos, o projeto “Inclusão Social da Pessoa” é realizado gratuitamente com pessoas de 60 anos ou mais. Em 2025, 40 pessoas são contempladas com a iniciativa, que desenvolve atividades físicas, cognitivas, psicológicas, nutricionais, entre outras, com o objetivo de permitir sociabilidades e afetividades para esse público. A ação reitera o compromisso social e humano do Unifacid Wyden. Os encontros acontecem 3 vezes na semana (terça, quinta e sexta-feira), semestralmente, e funcionam como espaços de acolhimento, estímulo e inclusão. “É muito gratificante realizar a ação. Temos a preocupação de englobar vários assuntos e oportunizar bem-estar aos nossos idosos”, finaliza Berenice Silva, coordenadora do Projeto.

 

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